martes, enero 26, 2010

"La anorexia como síntoma de contemporaneidad", Lic. Ernesto Anzalone

La histérica hace, entonces, de su cuerpo su propio reino y escapa a ese Otro que coloca en riesgo de deseo. Realizando un control férreo del cuerpo hasta dejarlo en su mínima expresión. Pero, la diferencia con la anorexia no histérica es que ese control se coloca en un lugar de exhibición para el Otro, mostrando su goce como no reductible al saber de ese Amo. Ella responde al nuevo orden de goce del Amo capitalista, exhibiendo la verdad sobre ese goce: bajo el imperativo del consumo, el sujeto se consume.



Existe na contemporaneidade uma crise fundamental de todas as figuras que encarnam a função simbólica, quero dizer não só a crise da figura paterna, que o mesmo Lacan marcava nos seus primeiros textos, senão uma crise de todas as figuras que introduziam um limite na relação do sujeito com seu gozo.
Essa crise tem dois efeitos claros, constatáveis na clínica.
Em primeiro lugar uma amplificação da dimensão imaginária, um aumento desmedido do narcisismo, do especular. Estamos, numa percepção que excede a psicanálise, em uma época de crescimento das chamadas “patologias narcisistas”, onde o fenômeno identificatório, ajudado pelos novos meios tecnológicos, chega a níveis nunca antes pensados. Poderíamos até considerar se a pergunta do neurótico “que quer de mim?”, clara referência a relação com o Outro, continua sendo válida.
O segundo efeito está relacionado a uma amplificação da compulsão do sujeito com um aumento dos acting out, e até das passagens ao ato. A perda da dimensão simbólica faz a palavra perder lugar frente ao ato.
Esta crise das figuras, nos fala de uma nova relação do sujeito com o Outro. O que gera uma mudança no “mal-estar na cultura”.
Para pensar essa mudança, vamos, em seguida, à fórmula que estabelece Jacques Alain Miller no seu seminário, realizado em colaboração com Eric Laurent, “O Outro que não existe e seus comitês de ética” , ao falar de “gozos sem o Outro”.
O Outro tem se revelado na contemporaneidade como ficção, o gozo já não se encontra regulado pela relação com ele. Existe, o que poderíamos chamar de uma recusa fundamental ao Outro. Ela se dá em um sentido duplo, pois também o Outro recusa o sujeito.
A leviandade do ser, o vazio do sujeito da contemporaneidade, nos permite falar de um estatuto anoréxico do desejo, como pura divisão, agente no discurso histérico. Nele o lugar do Outro do discurso é ocupado pelo mestre.
A psicanalista Silvia Ons escreve sobre essa relação com o Outro, ao pensar o fator desencadeante da anorexia:
O fator desencadeante pode ser encontrado com bastante precisão e se recorta ao redor de uma frase, proveniente em geral de um homem que exalta o novo corpo da adolescente. Essa exclamação põe em evidência o valor de gozo das pletóricas carnes, fere o pudor, quebra os véus. A diferença do elogio que veste o corpo de metáforas, as denominadas “grosserias” o desnudam. Elas ressaltam o lugar da jovem como objeto sem a mediação da “cantada amorosa”. O desenlace segue em seqüência regular, no sucessivo a garota tentará fazer desaparecer as turgescias do corpo que provocaram essa manifestação do gozo.

Considero especialmente importante essa questão da perda da “cantada amorosa”, a que nos fala da progressiva degradação da dimensão do simbólico. A dimensão metafórica se perde, a grosseria não requer a sanção do Outro, não precisa ser escutado e codificado, aparece como imposição do gozo, sem a mediação do “véu”.
O psicanalista italiano Domenico Cosenza em sua conferencia “As funções da recusa na anorexia e as linhas de orientação no tratamento psicanalítico” apresentada na Faculdade de Medicina da UFMG (Belo Horizonte, Brasil), no dia 25 de Maio de 2009, considerava dois tempos lógicos na iniciação na adolescência.
Um primeiro tempo, da representação onírica da relação sexual, no qual o sexo se apresenta como um enigma, coberto por uma representação fantasmática. Esse tempo, que poderíamos chamar de um tempo lógico do “véu”, aonde a representação permitiria a possibilidade da crença na existência da relação sexual.
O segundo tempo estaria marcado por um encontro que faz vazio no Real, a queda do véu deixa em evidencia a não existência da relação sexual.
Seguindo a linha apresentada por Cosenza, consideraremos a hipótese da existência de uma perda, na adolescência contemporânea, da representação fantasmática da relação sexual, em que o sexo se apresenta como um enigma.
A partir dessa perda, a adolescente passa só pelo segundo tempo lógico, o tempo da não existência da relação sexual, sem a possibilidade da representação fantasmática da mesma.
Essa perda da condição de enigma vai levar o sujeito a um impasse. Sendo a anorexia uma das tentativas possíveis de solucioná-lo. Ante a não existência do véu, com relação à impossibilidade da relação sexual, o anoréxico responde com uma recusa da posição sexual, tentando fazer desaparecer as manifestações da mesma no seu corpo. A questão não estaria na relação com a comida, senão, como diz Ons, com as “turgescias do corpo”, manifestações do gozo.
A recusa ao Outro, no caso dos sintomas anoréxicos na histeria, oculta uma demanda. O sintoma aparece frente a um Outro que se apresenta como cheio demais, que tenta afogar seu desejo. Um Outro, que como falamos, está ocupado pelo discurso capitalista, o que quer dizer que nesta época do mais-de-gozar, o Outro se apresenta como “completo demais”, o que colocaria -numa dimensão de engano- a possibilidade de uma inexistência do S(A). Nesse Outro “completo”, não há lugar da falta e, portanto, não tem lugar ao desejo.
A histérica faz, então, do seu corpo seu próprio reino, e escapa a esse Outro que coloca em risco seu desejo. Fazendo um controle férreo do corpo até deixá-lo na sua mínima expressão. Mas, a diferença da anorexia não histérica é que esse controle se coloca em um lugar de exibição para o Outro, mostrando seu gozo como não redutível ao saber desse mestre. Ela responde a nova ordem de gozo do mestre capitalista, exibindo a verdade sobre esse gozo: sob o imperativo do consumo, o sujeito se consome.

Más sobre el Lic. Anzalone aquí:aunclinica.blogspot.com

2 comentarios:

Lansky dijo...

Te devuelvo la visita, Sol.

Tremendo asunto, tremenda imagen

Sol dijo...

Gracias por la visita. Pues, pase Ud. y sientase cómodo. Aquí sólo encontrará caos y el aleteo de alguna mariposa...¿Le sirvo una copa?